Mas se Deus é as flores e as árvores,
E os montes e o sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
...
E por isso obedeço-lhe
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda hora.
...
Pensar em Deus é desobedecer a Deus,
Porque Deus quis que o não conhecêssemos.
Por isso se nos não mostrou...
Sejamos simples e calmos,
Como os regatos e as árvores,
E Deus amar-nos-á fazendo de nós
Belos como as árvores e os regatos,
E dar-nos-á verdor na sua primavera,
E um rio aonde ir ter quando acabemos!...
Nota.: Trechos dos poemas de número 6 e 7 de "O guardador de rebanhos" de Fernando Pessoa (Alberto Caeiro).
Música do dia: "Santa chuva - Maria Rita"
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