domingo, 28 de abril de 2019

Sou a história mais velha do mundo


A gente pega uma palavra ali, um gesto aqui, 
uma felicidade vivida. 
E eu que pensei que era inteligente, mas de nada eu sei...
Esperei muito tempo pra ser feliz. 
Queria ficar velho e queria tudo o que eu não fiz. 
O que a gente quer é gostar de alguém. 
Hoje, um domingo qualquer, fiquei velho antes do tempo, consegui toda a felicidade que um dia nem eu mesmo desejei. 
Uma felicidade delicada, 
difícil de ser percebida se não se parar pra ver, pra sentir.
Me cobrei um bocado e percebi que nem cheguei ao fim e já sou feliz ao ponto de agradecer por tudo conquistado, tudo dado pelo universo, tudo dado por quem (se) me ama. 
Sim, a gente demora pra perceber que é amado (ou não quer mesmo perceber). Tenho um mundo ao meu redor: um amor, um lugar "pra que a gente possa sempre mostrar algo de bom", poucos amigos (mas o suficiente pra amar, pra adorar, pra ser força, pra se ter fé e ser parte de nós), tenho um família tradicional (cheia de amor uns pelos, de muitas birras e muito sorriso), um trabalho que é gratificante (tenho um povo fiel, de coração bom e tão meu, 
um em cada pedaço do meu país,
 pessoas que descobriram o vento). 
Queria um dia sempre ir além, mas uma hora dessas a gente descobre que bom mesmo é ficar no mesmo lugar, felicidade não é, é estar... Não me sinto sozinho ou quase nunca.
São da vida as partidas e chegadas, 
mas tudo que pode ser, será e já é. 
Volta e meia, desafio o próprio tempo. 
Só quero um branco pra escrever, 
vontade pra empurrar, tristeza pra esquecer.
Vida, sou a história mais velha do mundo...

Música-de-domingo: "Pra sempre será - O Terno"
Foto: Arquivo pessoal.



terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

O peso do amor


Sou um monte confuso de forças cheias de infinito
Tendendo em todas as direções para todos os lados do espaço
A Vida, essa coisa enorme, é que prende tudo e tudo une
E faz com que todas as forças que raivam dentro de mim
Não passem de mim, nem quebrem meu ser, 
não partam meu corpo...

Tudo o que há dentro de mim tende a voltar a ser tudo.
Tudo o que há dentro de mim tende a despejar-me no chão...

(Sou uma chama ascendendo), 
de chamas explosivas buscando Deus e queimando
 A crosta dos meus sentidos, o muro da minha lógica...

Música-pra-sentir-Deus: "O peso do amor, de Castello Branco"
Texto: Trecho de Afinal, de Fernando Pessoa
Foto: Arquivo pessoal

quarta-feira, 14 de março de 2018

Cartas de Cirilo a Iara



... Suas cartas a Iara são a doce narrativa de um grande amor: 

"Aqui tem muitos pássaros lindos de variadas cores - perto está uma juriti pronta para tomar um tiro no peito - mas não daria - e a vida dela continua em homenagem a ti. Ela voou. (...) 
Sou feliz por ser o teu amor, sinto saudades de tudo 
e me alimento das lembranças. 
Penso adoidadamente em ti - é impressionante - 
nunca pensei amar tanto".

"Te amo, te adoro - segue esta carta impregnada de amor - 
vou te ver, nem que seja a última coisa na minha vida 
- mil beijos do teu Cirilo".

Texto: trechos de uma das 23 cartas escritas por Cirilo (Carlos Lamarca - ex-capitão do exército e um dos principais líderes da oposição armada contra a ditadura militar no Brasil), a sua amada mulher, Clara (Iara Iavelberg), morta por suicídio após ser cercada por dezenas de agentes no prédio onde estava escondida na Pituba, bairro de Salvador/BA. Infelizmente, Clara morreu sem que Cirilo pudesse cumprir sua promessa.

Livro: "As Ilusões Armadas - A Ditadura Escancarada (Volume 2), de Elio Gaspari".

Música-enquanto-leitura: "Que as crianças cantem livres, de Taiguara (1973)".

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Pra andar nas nuvens


Você me leva de volta aos dias de frio na barriga, quando achava que todo o peso do amor e da paixão que eu sentia iria sufocar você, e quando apenas um segurar de mãos já era suficiente para me fazer andar nas nuvens... 

Feliz aniversário, Rafa.

Texto: "Eleonor & Park, de Rainbow Rowell".
Música-pra-ele: "Confidents, de Markus Thomas".

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

O Amor é Morada

 
"O amor é uma morada. Tudo em uma morada deve ser utilizado, nada deve ser escondido ou 'poupado'. Só vivem aqueles que habitaram o amor por completo e não se deixaram intimidar por nenhum quarto, nenhuma porta. Brigar e se acariciar com delicadeza, ambos têm a mesma importância; ficar juntos e depois se separar também. É essencial que cada quarto do amor seja utilizado. Do contrário, os fantasmas e boatos crescem dentro deles. Quartos e casas abandonados podem ser insidiosos e fedorentos..."

Texto: "A Livraria Mágica de Paris - Nina George".
Música-do-dia: "Do Lado de Dentro - Los Hermanos".

sábado, 11 de junho de 2016

Morrer de Amor



José: (...) uma pessoa pode, enfim, por uma perda da pessoa a quem ama, por exemplo, suicidar-se, a isso chamaria eu de morrer de amor. Agora, não há nenhuma doença do amor, ou melhor, as doenças do amor são de outra natureza, são o cansaço, são o aborrecimento, são a  rotina, 
essas são as doenças do amor. 
Agora, morrer de amor? Não sei.

Pilar: Pode-se morrer de sofrimento, pode-se morrer de desgosto... Disso que falávamos antes, de perversão dos sentimentos que podem ir consumindo, 
mas o amor é expansivo, enche tudo. 
Não se pode morrer de amor. 
Creio que se vive de amor.

Música-pra-morrer-de-amor: "Roupa Suja - Pélico & Bárbara Eugênia"
Texto: "José e Pilar - Conversas Inéditas - Miguel Gonçalves Mendes"

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Se hace camino al andar


O Antonio Machado tinha razão quando escrevia  
"Caminante no hay camino, se hace camino al andar..."
Os caminhos não estão feitos, é andando que cada um de nós faz o seu próprio caminho. A estrada não está preparada para nos receber, é preciso que sejam os nossos pés a marcar o destino, destino ou objetivo ou o que quer que seja.

Música-de-uma-sexta-feira-sozinha-no-meio-do-tempo: "On the other side - Augustana".
Texto: "José (Saramago) e Pilar (del Río) - Conversas inéditas, de Miguel Gonçalves Mendes".
Foto: "Acervo pessoal".

domingo, 15 de maio de 2016

Chorar em colorido


... Prometo e acredito
Chorar bonito
Bem a rigor
Se for a seu pedido
Eu choro em colorido
Meu bem escolhe a cor ...

Música do dia: "Chorar colorido - Fernando Cesar e Silvio Silva".
   

terça-feira, 10 de maio de 2016

Não era comum homens se beijarem em público


E as pessoas queriam saber como Ary Barroso se sentia ao 
ser beijado por Vinicius (de Moraes) 
sempre que os dois se encontravam 
- não era comum homens se beijarem em público. 
Mas Ary gostava: 
"Um poeta como Vinicius pode me beijar à vontade. 
Tomara que me pegue poesia".


Música do dia: "Canção da volta - Dolores Duran".
Foto: "Acervo pessoal".
Texto: "Trecho de A noite do meu bem - A História e as histórias do Samba-canção, de Ruy Castro".

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Eu peço para o coração chegar





A linha que separa o bem e o mal não está entre eu e você. Está dentro de cada coração humano.
(Solzhenitsyn)

Música do dia: "Solar - Banda do Mar"
Foto: "Rafael Nicéas - 2015"

 







sábado, 29 de novembro de 2014

Ato Institucional Permanente



Artigo I - Fica decretado que agora vale a verdade, 
que agora vale a vida, 
e que de mãos dadas, trabalharemos todos pela vida brasileira.
Artigo II - Fica decretado que todos os dias da semana, 
inclusive as terças-feiras mais cinzentas, 
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Música pra ser feliz: "Dig Dom - Rhaissa Bittar"
Texto: Versos de abertura de "Os estatutos do homem (Ato Institucional Permanente)", poema de Thiago de Mello dedicado a Carlos Heitor Cony, publicado no Correio da Manhã em 30 de maio de 1964.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

História feita de sonho e saudade


Se me perguntassem qual meu escritor preferido poderia citar uns nomes. Manoel de Barros e Gabriel García Márquez seriam alguns deles. Já se me perguntassem qual 
seria minha escritora preferida, 
não hesitaria em dizer um só nome: Lea Modesto, minha mãe!
Esse é o mês dela. Nessa vida digo que sou seu fã. 
Fã do seu jeito manso e sereno. 
Fã de sua simplicidade e do seu cuidado diários. Fã da menina humilde, criada no sítio "Saco das Porteiras" em Araripina, interior de Pernambuco, que viu na sua infância livre e feliz de interior sua inspiração para  "falar escovando palavras".
Fã das tias e do tio que ela me deu de presente. 
Fã de suas letras no papel. São palavras escrevinhadas delicada e despretensiosamente, como só quem não tem ambições sabe como fazer... Tive orgulho de ter encarregado a mim a tarefa fácil de ler, reler, de sorrir, chorar e me emocionar com suas doces palavras antes mesmo de serem publicadas. Seu segundo livro, "Ouvindo o meu silêncio - História feita de sonho e saudade" está saindo do forno. Separei um pedacinho das suas palavras que me encantaram no meio de todo seu silêncio:

"Agradecer pelo coração idílico que pulsa por alguém, 
dividindo com você o viver do dia a dia. 
Na complexidade do convívio a dois, 
ajudando-se mutuamente a administrar uma convivência 
de entendimento, de cumplicidade, de diálogo, 
de superação, de perdão quando entra em cena 
a ação demolidora do egoísmo".

Música do dia: "Eu sim - Phill Veras"
Foto: "Rafael Nicéas Simões - Suspiro"

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Criatura feliz

 
E, encostado no rosto das casas, sorrir...
Saber que o céu está lá em cima.
Olhar, reparar tudo em volta, 
sem a menor intenção de poesia.

Lembrar da cidade onde se nasceu, 
com inocência, e rir sozinho.
Como é bom a gente ter nascido
numa pequena cidade banhada por um rio.
Rir das coisas passadas. Ter saudade da pureza.
Lembrar de músicas, de bailes, 
de namoradas que a gente já teve.
Lembrar de lugares que a gente já andou 
e de coisas que a gente já viu.

Lembrar das viagens que a gente já fez 
e de amigos que ficaram longe.
Lembrar dos amigos. Recordar um por um. 
Acompanhá-los na vida.
Como estão longe, meu Deus! 
Um aqui. Outro lá, tão distantes...
Saber que a gente tem amigos de fato!

Lembrar que a gente, afinal de contas, 
está vivendo muito bem 
e é uma criatura até feliz. Ficar admirado.
Descobrir que não nos falta nada. 
Dar um suspiro bom de alívio.
Olhar com ternura a criação 
e ver-se pago de tudo.
Descobrir que, afinal de contas, 
não se possui nenhuma queixa.
E que se está sem nenhuma tristeza 
para dizer no momento.

Como é bom a gente ter tido infância 
para poder lembrar-se dela.
E trazer uma saudade muito esquisita 
escondida no coração...

Foto: "Thiago Montenegro Lucena -Arquivo pessoal"
Música-do-dia: "Desesperadamente - Sergio Pi"
Texto: "Adaptação de Olhos Parados - Poesias - Manoel de Barros"

domingo, 9 de março de 2014

O que é bonito


A gente demora, mas um dia
Toma gosto fácil pelas coisas simples da vida a dois
Os encontros inesperados em meio aos desencontros da vida
Encontros esses que acalmaram os conflitos
Os ventos que levaram embora velhos comportamentos 
O talento de descobrir que, às vezes, estivemos errados
A reinvenção de uma existência equilibrada
O colorir o dia a dia com sorrisos gratuitos
O abraço carinhoso que curou desânimos
O desvelo com a canção, sua mensagem e a sua letra
Um copo d'água dado com amor no meio da noite quente
O desvendar do significado verdadeiro do verbo "somos"
A simplicidade sofisticada de tudo isso me seduz e cativa 
Quem não sabe o que é bonito nunca viu eu e você... 

Foto: "Bodas - Francisco Castro" 
Música-do-dia: "In repair - John Mayer"
*Trecho de O que é bonito (Fernando Temporão)

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Saudadeando


 Sou o amor que bate em teu portão
Aquele que não tem dimensões, que chega puro e delicado
Que quer uma xícara de conforto 
e um lugar em seu leito quente
Aquele que não pede permissão 
e se faz presente transformando cabeças em corações
Sou aquele que tira todo o peso das tuas costas, 
que te mostra um motivo bom de voltar pra casa 
no fim de cada dia de cansaço
Aquele que te faz olhar o espelho 
e ele te mostra de volta uma criatura amada por Deus
Acolha-me e te mostrarei que de tudo sou capaz
Não existem segundas oportunidades, 
exceto para o remorso
Abraça-me antes que a vida seja apenas uma 
raridade de "ontens"...

Foto-do-dia: "Diálogo em Alfama - Antonio Jara"
Música-de-feriado-na-saudade: "Fora do ar - Filamônica de Pasárgada"

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Minha vida vale à beça!

 
Transcrevo abaixo um pedacinho do livro-menino-dos-olhos desse verão. É o segundo livro de Rodrigo Faour, o qual leio e sou fã confesso de suas letras e seu modo de ver certos cenários. Leitura fácil, mas não inútil. Dolores Duran - A noite e as canções de uma mulher fascinante é, sem dúvida, a história de uma mulher à frente de seu tempo, inteligente por natureza, mesmo que de berço simples e pobre socialmente, pois culturalmente nunca. Sua voz era seu dom e ela era um talento pouco comparado no mundo musical. Ela é uma Artista (com letra maiúscula e no presente mesmo!).  Tudo para enfeitar A noite do meu bem...
"Entrevista Teco-teco", um pingue-pongue com Dolores Duran:

Revista do Rádio: O que você mais admira em si mesma?

Dolores Duran: Minha paciência de Jó.
 
RR: Considera-se plenamente realizada?
DD: Não. Se tal acontecesse, a vida para mim não teria mais graça.

RR: Que marca você prefere: o Cadillac ou o Chevrolet Belair?

DD: Prefiro saber a marca de quem está dirigindo.

RR: Qual é seu número da sorte?

DD: É exatamente o que vem contido dentro de um certo envelope no fim do mês.

RR: Que acha de seus inimigos?

DD: Eu não tenho inimigos, tenho amigos que se extraviaram. Mas voltam qualquer dia desses.

RR: Quanto vale a sua vida?

DD: Vale à beça...


Música do dia: "A noite do meu bem - Dolores Duran"
Trecho do livro: "Dolores Duran - A noite e as canções de uma mulher fascinante, Rodrigo Faour, Editora Record"


domingo, 9 de dezembro de 2012

Quarenta e Oito, Cinco Nove Cinco


E o domingo veio trazendo uma esperança mansa... 
Como se no silêncio do descanso uma voz repetisse que a nossa vida vai ter sabor de almoço em família, de piquenique no parque, de aconchego entre a geladeira e a cama eternamente desfeita...

Música do dia: "Ma Cherie - Hidrocor"
Foto:  "Domingo - Cristina Ferreira de Paula"

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Do Medo e Uma Rede pra Dois


Deixe-o em sua antiga morada quando vier
Volte pro lugar que sempre foi seu
Não ligue se disserem que isso não se deve fazer
Venha livre de quaisquer pensamentos que lhe inquietem
Dê carona à esperança graciosa 
que lhe aguarda em cada nova esquina
E de cada nova curva da estrada, que não saibamos onde vai dar
Escolha a nossa música e deixe o coração disparar de expectativas, de alegrias, de curiosidades
Permita que o desconhecido se deixe chegar 
com seu olhar misterioso
Perca-se no novo, perca-se comigo
Deseje mesmo inventar um novo conviver, carregado do colorido inesperado de um sorriso truão
Entregue-se ao presente sem receios, sem medo, sem querer ser o eterno dono do controle remoto do filme-vida 
Este será o novo e velho e seráfico livro dos nossos dias...
Venha. Vou armar uma rede pra nós dois.
Venha. A casa é sua.

Foto: "Comitê de Boas Vindas - Lucas"
Música: "A casa é sua - Arnaldo Antunes"
Filme: "The world is big and salvation lurks around the corner - Stephan Komandarev - Bulgária - 2008"

sábado, 11 de agosto de 2012

A Morte e seus amores



Aquele rapaz achou ridículo o formalismo da morte. Chegou à conclusão de que talvez a morte não se anunciasse daquela vez, porque não dependia do acaso mas da vontade de seu carrasco, a própria vida. A gente não morre quando deve, mas quando pode. Morrer é muito mais difícil do que a gente acha. Na verdade não se importava com a morte mas com a vida, e por isso a sensação que sentiu quando pronunciaram a sentença, no início, foi um sensação de medo e depois de pura nostalgia. Não falou nada até que perguntaram qual era o seu último desejo.  A certeza de que seu dia estava determinado investiu-o de uma imunidade misteriosa, uma imortalidade com prazo fixo. À força de não conseguir pensar em outra coisa havia aprendido a pensar frio, para que as recordações inevitáveis não machucassem nenhum de seus sentimentos. Isso porque ele achou alguém por e para quem viver os seus últimos dias.

Foto: "Sobrevivência - Rui Miranda"
Música-do-dia: "We are young (feat. Janelle Monáe) - Fun."
Texto baseado e adaptado: "Cem Anos de Solidão - Gabriel Garcia Marques"


quinta-feira, 5 de julho de 2012

Meu nome é saudade de você


Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. 
Essa vontade de um ser o outro 
para uma unificação inteira 
é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.

Música-pra-matar-a-saudade: "Meu nome é saudade de você - Roberta Campos"
Foto: "Iolanda M. Gomes"
Texto: "Clarice Lispector"