quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Meus filhos são assim

Meus filhos são assim: tenho três, o mais velho (10 anos) é o mais concentrado, o mais interessado em cultura, também o mais avoado, ele chega de uma viajem me encontra e vai logo perguntando – Papai, qual é o maior, a Estátua da Liberdade ou o Colosso de Rhodes? E eu: - Ah, sei lá. Depois ele vem e pergunta: - Papai, com quantos motores de carro eu consigo puxar um prédio? E eu, claro, respondo: - Meu irmão, eu num sei não... – Papai, quantas estrelas dá pra contar numa noite? – Porra bicho, sei lá. – Papai, eu fico só lhe enchendo o saco com esse monte de pergunta né? E eu, depois de duas demãos de óleo de Peroba, digo: - Que é isso meu filho se você não perguntar como é que vai aprender? O do meio (9 anos) é o mais safo, é quem executa, faz o que lhe apraz, principalmente se for pra zoar alguém (a mãe em especial), gosta de acordar mais cedo pra melar os outros de pasta, - Papai, se a gente cortar o rabo da gata ela morre? Papai, quando a gente for fazer feira a gente pode empurrar uma prateleira de bebida, pra cair tudo e dizer que foi sem querer? E eu, sabedor da importância do estímulo a criatividade e as coisas lúdicas respondo: - Vamu tentar pra ver se dá certo... A mais nova (2 anos) é a princesa, mandona que só ela, a independência só vai até ali, não tem medo de nada, um dia me aparece no banheiro com um pedaço de pastel na mão e eu pergunto: - quem te deu esse pastel? – Sei não... – Tua mãe comprou pastel? – Sei não... TU ARRUMOU ESSE PASTEL AONDE? – Ah, sei lá. Fui averiguar, procuro por ela e não a encontro em nenhum cômodo do recinto, ficamos aos gritos, eu e a mãe, é então que a vizinha responde também aos gritos: - ELA TÁ AQUI... Abriu o portão, veio aqui prá fora sozinha, sentou numa cadeira e disse que veio conversar, disse que queria pastel com coca e eu dei. Voltamos para casa e a mãe desesperada, desabafa gritando, ela no mesmo volume e com o dedo em riste responde: - FALE BAIXO COMIGO. Damos a eles uma educação primorosa, nem Piaget, nem Paulo Freire, optamos por uma educação de frases, não fases. Uma delas resume tudo que queremos dizer naquele momento, resolve qualquer problema, encerra qualquer contenda, pode ser usada em qualquer situação. Tenho um primo, Gustavo Rios, vulgo Kabeção, que escreveu um livro chamado: O amor é uma coisa feia, e me disse: - Porra, eu passo noites queimando pestana, fundindo a cabeça pra escrever um livro e você sintetiza tudo em uma frase: “não e não discuta”.
Texto de Sued para o Bandeirà Dois em 19.02.2008
Somos feitos de carne, mas temos que viver como se fôssemos de ferro (Freud)
Música do dia: "Lodeando (rude-boy) - Marcelo D2"

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